"Orfeu e Eurídice", Marc Chagall
MITO DE ORFEU E EURÍDICE
Uma
das maiores histórias de amor gregas e, afinal, de todos os tempos é a de Orfeu e Eurídice. Trata-se de um
romance verdadeiramente trágico que demonstra quão poderoso pode ser o amor.
Eurídice e Orfeu são as versões gregas de Romeu e Julieta. Nas duas versões, um
amante sem o outro não tem existência.
"O Parnaso", Andrea Mantegna, 1497 Le Louvre, Paris
"Quando
Orfeu tocava a sua lira de ouro, os próprios rochedos, as árvores, as aves e os
regatos calavam-se para escutar"
"Orfeu", mármore
Orfeu, na mitologia grega, era poeta muito talentoso
e músico, filho da musa Calíope e de Apolo, rei da Trácia.
Quando tocava a lira que o pai lhe dera,
os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo.
Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se
com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento,
atraiu um apicultor chamado Aristeu que a perseguia, apesar dela só ter olhos
para Orfeu. Um dia, ao tentar fugir de Aristeu, tropeçou numa serpente que a
mordeu e matou. Por causa disso, as ninfas, companheiras de Eurídice fizeram com
que todas as abelhas de Aristeu morressem.
"Morte de Euridíce",
1814, Ary Scheffer
Orfeu ficou muito triste com a morte de Eurídice,
pelo que se decidiu ir até ao Mundo Inferior, com a sua lira para tentar que Hades a deixasse voltar ao Mundo Superior.Com a música da sua
lira, convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige e conseguiu adormecer
Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões desse Mundo.
"Cerbero" de William Blake
Quando, finalmente, Orfeu chegou junto de
Hades, o rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado no seu
domínio, mas a agonia da música de Orfeu acabou por o comover até às lágrimas.
Influenciado pela esposa, a deusa Perséfone, atendeu ao pedido de Orfeu. Assim,
Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos, mas com a condição de Orfeu não tentar olhar para ela até sair
definitivamente do reino de Hades.
"Orfeu guiando Eurídice no submundo", 1861 de Jean-Baptiste Camille Coro
Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava
para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria, enquanto caminhava guiando Eurídice. Mas no final da subida, olhou para se
certificar de que a sua amada o acompanhava e não a viu. Desta forma, Hades voltou a ficar com
Eurídice, como tinha ficado acordado. Nunca mais Orfeu a poderia recuperar.
"Orfeu e Eurídice às portas do Inferno" (edição com iluminuras das Metaformoses de Ovídio)
Ainda a viu ser agarrada por Hades, mas imediatamente se tornaria fantasma. Orfeu tinha perdido Eurídice para sempre! Em desespero total, tornou-se amargo e recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, lembrando-se constantemente da sua perda.
Começou a oferecer conselhos aos que
precisavam, a fim de que eles não sofressem como ele próprio sofria. Porém, um
dia, um grupo de mulheres repudiadas por Orfeu resolveu organizar-se para
matá-lo, mas não conseguiu, porque a música aparava os dardos que lhe eram
atirados. Contudo, as Ménades conseguiram abafar a música de Orfeu, com gritos, e
matá-lo, atirando a sua cabeça ao Rio Hebro. Todavia, enquanto flutuava, a
cabeça ainda clamava:
– Eurídice! Eurídice!
Orfeu transformado em Pedra pelas Ménades (Gravura de uma edição ilustrada das Metaformoses de Ovídio, Amesterdão, 1683)
As Musas comovidas enterraram o corpo de
Orfeu no Monte Olimpo. As Ménades foram punidas pelos deuses: assim que saíram
do rio, os seus pés afundaram-se, na terra, tornando-se árvores, que foram
açoitadas pelos ventos furiosos, pela morte de Orfeu.
Orfeu, morto, conseguiu unir-se à sua amada
novamente, nos Campos Elísios.
Conta-se que após a morte de Orfeu, os
pássaros cantaram mais felizes, pois o músico estava feliz, outra vez, com a sua
amada.
Eurídice
Orfeu e Eurídice de Frederick Leighton
Eurídice, na mitologia grega, era uma ninfa, filha do deus Apolo, e casada com Orfeu, lendário músico e poeta, pela qual ele desce às profundezas de Hades. Eurídice era tida como uma mulher tímida, mas muito bonita.
Eurídice
foi a grande inspiradora de Orfeu, que a amava profundamente. Desde o dia do seu
casamento, enquanto Orfeu tocava canções alegres, a sua esposa dançava no
campo. Um dia, Aristeu viu-a, apaixonou-se por ela e passou a persegui-la. Eurídice,
ao fugir, pisou uma víbora que a mordeu, acabando por morrer.
"Eurídice mordida por uma cobre". Escola de Giorgione
"Eurídice mordida por uma cobre". Escola de Giorgione
Orfeu,
de tal forma atormentado, tocou e cantou com tanta tristeza que todas as
ninfas e divindades choraram, aconselhando-o a ir ao submundo tentar recuperar Eurídice. Orfeu
assim fez. Depois da sua música ter comovido os corações de Hades e Perséfone,
e o seu canto até ter levado as Erínies ao choro, foi autorizado a levar Eurídice
de volta ao mundo dos vivos.
Numa
outra versão, Orfeu tocou lira para adormecer Cérberus, o guardião de
Hades, e de seguida, Eurídice foi autorizada a retornar com Orfeu ao mundo dos
vivos, com a condição de Orfeu andar à frente de
Eurídice e não olhar para trás, até ambos terem chegado ao mundo superior. No entanto, na subida começou a duvidar que ela viesse atrás de si, pondo a hipótese de Hades o
ter enganado. No instante, porém, em que alcançou os portais de Hades e a luz do
dia, Orfeu virou-se para olhar para Eurídice, quebrando, desta forma, o pacto feito, o
que fez Eurídice desaparecer e voltar ao submundo.
A
história de Eurídice pode ser uma adição tardia aos mitos de Orfeu. Em
particular, o nome Eurudike ("aquela cuja justiça se estende
amplamente") lembra títulos de culto ligados a Perséfone. O mito pode ter
sido derivado de outra lenda de Orfeu, na qual o músico viaja até ao Tártaro e
encanta a deusa Hécate.
A
história de Eurídice tem várias versões, desde o mito japonês de Izanagi e
Izanami, o mito maia de Itzamna e Ixchel, o mito indiano de Savitri e Satyavan,
e o mito acadiano, sumério da descida de Inanna para o submundo. A história
bíblica da esposa de Ló, que foi transformada numa coluna de sal porque olhou
para a cidade da qual estava a fugir, é "frequentemente comparada à
história de Orfeu e Eurídice".
Webgrafia:
https://www.infopedia.pt/$orfeu-e-euridice
https://en.wikipedia.org/wiki/Eurydice
https://www.greekmythology.com/Myths/Mortals/Eurydice/eurydice.html
https://mythology.net/greek/mortals/eurydice/
Bibliografia:
Moncrieff,
A-R. Hope (1922) Mitologia Clássica. Guia Ilustrado, Círculo de Leitores
Philip,
Meil (2004), Mitologia do Mundo, Rio de Mouro, Círculo de Leitores
PERSONAGENS
DO MITO
Hades, na mitologia grega, era filho de Cronos e de Reia,
irmão de Zeus e de Posídon. Depois de Zeus ter destronado Cronos, o reino foi
dividido, cabendo a Hades, o mundo subterrâneo e das riquezas.
O
seu nome que significa "o Invisível", era usado para designar tanto o deus quanto
o reino que governava, nos subterrâneos da Terra.
Uma
das peripécias pelas quais é conhecido, é a do rapto da deusa Perséfone, filha de Deméter, tomando-a sua esposa e a quem teria quase sempre sido fiel. Desta forma, passou a reinar sobre as forças infernais e
sobre os mortos em companhia de Perséfone.
No
mundo Inferior era ajudado por outras divindades, como Hécate, as Fúrias, as
Parcas ou Moiras, as Harpias, Tanatos, o Hipnos e as Górgonas.
.Era
o velho barqueiro Caronte que conduzia as almas dos mortos através do rio
Estige, até à entrada do reino, habitado por formas vagas e sombrias, guardada por Cérbero, um monstruoso cão de três cabeças e cauda de
dragão.
Hades
era auxiliado por Minos, Éaco e Radamanto. Se as almas fossem condenadas eram
atiradas ao Tártaro, a região mais profunda, habitação das almas maléficas que
sofreriam eternamente. As almas boas seriam encaminhadas aos Campos Elísios ou
Ilha dos Bem Aventurados, lugar
dos heróis, santos sacerdotes e poetas, ajudadas pelo deus Tânatos, o deus da morte, e Hipnos,
o deus do sono.
Com
o tempo acreditou-se que Hades propiciava o desenvolvimento das sementes e
favorecia a produtividade dos campos. Como divindade agrícola, eram-lhe
consagrados o narciso e o cipreste ligando o nome a Deméter. Eram os dois festejados nos Mistérios de Êleusis, rituais que comemoravam a fertilidade das colheitas e das estações do
ano.
Hades poderá ser visto como o estádio intermediário onde o humano é colocado frenre a uma perda, antes
de ter a noção de que algo novo irá começar.
.
As Ménades, Bacantes, Tíades ou Bassáridas, eram
seguidoras do culto de Dionísio. Durante o culto, dançavam de uma maneira muito
livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da
natureza.
Os mistérios Dionisíacos provocavam nelas um
estado de êxtase absoluto, o que as tornava violentas, praticando atos radicais.
Nas suas orgias, eram acompanhadas pelos Sátiros e Coribantes que marcavam o
ritmo com os tamborins acompanhando, desta forma, o deus do vinho nas
suas aventuras. Andavam nuas, ou vestidas só com peles e grinaldas de hera, empunhando um tirso, bastão envolto em ramos de videira.
Por onde passavam, iam tentando cativar outras
mulheres para a vida lasciva. de tal forma que, por vezes, o seu comportamento causava pânico, já
que, quando entravam em fúria, não tinham limites. Desta forma, refugiavam-se
no alto das montanhas, onde podiam viver livremente.
As Ménades são referidas no mito de Orfeu que
se recusava a olhar para outras mulheres após a morte de Eurídice. Furiosas por
serem desprezadas por ele, atacam-no, atirando dardos, mas estes foram neutralizados pela música de Orfeu, pelo que arranjaram forma de abafar a sua
música com gritos para conseguirem matá-lo, despedaçarem-no e atirarem a sua
cabeça ao rio Hebro.
As Ménades foram condenadas pela sua
crueldade, os seus pés enfiaram-se na terra, como num pântano, transformando-se
em carvalhos fustigadas pelo vento. Acabado o tempo de vida de uma árvore, os
seus galhos caíram, secos no chão, confundindo-se com a terra.
As Ménades ou Bacantes chamam a atenção para
tudo o que o homem tem de selvagem, perigoso e sombrio que é reprimido pela
pessoa e pela sociedade, sem aceitação da sua existência, o que poderá, por
vezes, levar a distúrbios emocionais e psicológicos.
Webgrafia:
http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2011/11/menades-ou-bacantes-o-lado-sombrio-de.html
O MITO DE ORFEU E EURÍDICE – UMA INSPIRAÇÃO
QUE PERCORRE O TEMPO
O mito de Orfeu é inspirador
de diversas criações artísticas dos tempos modernos, que vão da música
(Offenbach, Glück, Liszt, Stravinsky entre outros), ao cinema, à pintura, à
poesia e muitas outras artes.
Na Antiguidade Clássica, no
século I a. C., Virgílio e Ovídio imortalizaram o mito da descida aos infernos
nas Geórgicas, livro IV e nas Metamorfoses, Livros X e XI.
Sophia de Mello Breyner Andresen,
amante que era da Grécia, também lhe
dedicou especial atenção, na sua poesia. A poeta e a pintora Graça Morais chegaram a fazer um trabalho conjunto.
"ORPHEU”
Seu canto alto e grave
O canto de oiro o êxtase da lira
Orpheu
a palidez sagrada de seu rosto
que de clarões e sombras se ilumina
ante seus pés se deitam mansas feras
vencidas pela música divina
Sophia de Mello Breyner Andresen e Graça
Morais, Orpheu e Euridice
Soneto
de Eurydice
Eurydice perdida que no
cheiro
E nas vozes do mar procura
Orpheu:
Ausência que povoa terra e
céu
E cobre de silêncio o mundo
inteiro.
Assim bebi manhãs de
nevoeiro
E deixei de estar viva e de
ser eu
Em procura de um rosto que
era o meu
O meu rosto secreto e
verdadeiro.
Porém nem nas marés, nem na
miragem
Eu te encontrei. Erguia-se
somente
O rosto liso e puro da
paisagem.
E devagar tornei-me
transparente
Como morte nascida à tua
imagem
E no mundo perdida
esterilmente.
Sophia de Mello Breyner
Andresen , "No tempo dividido", 1954
ELEGIA
Nunca se distingue bem o
vivido do não vivido
O encontro do fracasso.
No instante de dizer sim ao
destino
Incerta paraste emudecida
Ε os oceanos depois devagar
te rodearam
Aprende
A não esperar por ti pois
não te encontrarás
No instante de dizer sim ao
destino
Incerta paraste emudecida
Ε os oceanos depois devagar
te rodearam
A isso chamaste Orpheu
Eurydice —
Incessante intensa lira
vibrava ao lado
Do desfilar real dos teus
dias
Nunca se distingue bem o
vivido do não vivido
O encontro do fracasso —.
Quem se lembra do fino
escorrer da areia na ampulheta
Quando se ergue o canto
Por isso a memória sequiosa
quer vir à tona
Em procura da parte que não
deste
No rouco instante da noite
mais calada
Ou no secreto jardim à beira
rio
Em Junho.
Em Junho.
Miguel Torga é, do mesmo modo, inspirarado por Orfeu:
Orfeu Rebelde
Orfeu rebelde, canto como
sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a
canivete,
Gravasse a fúria de cada
momento;
Canto, a ver se o meu canto
compromete
A eternidade do meu
sofrimento.
Outros, felizes, sejam os
rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num
desafio:
Que o céu e a terra, pedras
conjugadas
Do moinho cruel que me
tritura,
Saibam que há gritos como há
nortadas,
Violências famintas de
ternura.
Bicho instintivo que
adivinha a morte
No corpo dum poeta que a
recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legítima
defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de
beleza.
Também,
o poeta Vinicius de Morais escreveu a peça Orfeu da Conceição, que foi
premiada em 1954, no concurso de teatro do 4º Centenário de São Paulo, Brasil.
Serviria de inspiração para o filme “Orfeu”, de Cacá Diegues, em 1999.
MONÓLOGO
DE ORFEU
Antonio
Carlos Jobim,
Vinicius
de Moraes
Mulher
mais adorada!
Agora
que não estás, deixa que rompa
O
meu peito em soluços!
Te
enrustiste em minha vida,
e
cada hora que passa
É
mais por que te amar
a
hora derrama o seu óleo de amor em mim, amada.
E sabes
de uma coisa?
Cada
vez que o sofrimento vem,
essa
vontade de estar perto, se longe
ou
estar mais perto se perto
Que
é que eu sei?
Este
sentir-se fraco,
o
peito extravasado
o
mel correndo,
essa
incapacidade de me sentir mais eu, Orfeu;
Tudo
isso que é bem capaz
de
confundir o espírito de um homem.
Nada
disso tem importância
Quando
tu chegas com essa charla antiga,
esse
contentamento, esse corpo
E me
dizes essas coisas
que
me dão essa força, esse orgulho de rei.
Ah,
minha Eurídice
Meu
verso, meu silêncio, minha música.
Nunca
fujas de mim.
Sem
ti, sou nada.
Sou
coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
Orfeu
menos Eurídice: coisa incompreensível!
A
existência sem ti é como olhar para um relógio
Só
com o ponteiro dos minutos.
Tu
és a hora, és o que dá sentido
E
direção ao tempo,
minha
amiga mais querida!
Qual
mãe, qual pai, qual nada!
A
beleza da vida és tu, amada
Milhões
amada! Ah! Criatura!
Quem
poderia pensar que Orfeu,
Orfeu
cujo violão é a vida da cidade
E
cuja fala, como o vento à flor
Despetala
as mulheres -
que
ele, Orfeu,
Ficasse
assim rendido aos teus encantos?
Mulata,
pele escura, dente branco
Vai
teu caminho
que
eu vou te seguindo no pensamento
e
aqui me deixo rente quando voltares,
pela
lua cheia
Para
os braços sem fim do teu amigo
Vai
tua vida, pássaro contente
Vai
tua vida que estarei contigo!
Todas estas
obras mostram que o amor não tem fronteiras, mesmo entre a vida e a morte, para
o amor não existem obstáculos já que pode tornar-se uma força capaz de tudo
mover. Como sentimento irracional poderá levar à loucura e a atos impensados e
impulsivos, causando sofrimento. Não é Camões que diz que “o Amor é Fogo que
arde sem se ver, um contentamento descontente!
Esta força
antitética que é capaz de mover o mundo e levar à destruição é afinal um laço
de união entre toda a humanidade. Como afirma Sophia
“Esta é o reino que buscamos nas praias de mar verde, no azul suspenso da
noite, na pureza da cal, na pedra polida, no perfume do orégão. Semelhante ao
corpo de Orfeu dilacerado pelas fúrias este reino está dividido. Nós procuramos
reuni-lo, procuramos a sua unidade, vamos de coisa em coisa.” "Arte
poética I" (III, p.p. 94),
Webgrafia/
Bibliografia
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/orfeu-e-euridice-mitos-inspiram-a-arte.htm?cmpid=copiaecola
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/orfeu-e-euridice-mitos-inspiram-a-arte.htm
http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/musica/cancoes/monologo-de-orfeu
https://www.greekmyths-greekmythology.com/orpheus-and-eurydice/
Ferreira
José Ribeiro, O tema de Orfeu em Musa de Sophia de
Melllo Breuner Andresen Universidade de Coimbra, HVMANITAS- Vol. L (1998),
https://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas50/55.2_Ribeiro_Ferreira.pdf
“Orpheu e Eurydice”, (2006) , Sophia
de Mello Breyner Andresen / Graça Morais, Ed. Centro Nacional de Cultura,
A NOSSA HISTÓRIA
Eurídice e Orfeu
Eurídice no
reino dos mortos sentia que o seu amado
Orfeu sofria por não a ter. Culpava-se por que razão fora tão pouco cuidadosa e
se deixara morder pela cobra, de forma a ter que permanecer separada de Orfeu,
quando ambos se amavam. Por que razão, Aristeu se apaixonara por ela? O mundo é
feito de desencontros. O seu coração que gritava "eu te amo" a todas as paredes,
a todas as flores e animais, não culpava Aristeu. Coitado, ele também não
conseguira o seu objetivo: ficar com a sua amada.
- Orfeu!
Ouvia a sua
música constantemente, até ali no reino de Hades.
Orfeu!
- Eu sei que
Orfeu vive desgostoso e luta por me voltar a reencontrar, será possível? O amor
tudo vence!
Entretanto,
Orfeu com a sua música capaz de
hipnotizar plantas e animais, convence Hades a deixá-lo trazer Eurídice para
fora do submundo, ou então, ficar ele lá
junto dos mortos.
Hades assentiu, mas com
uma condição: levar Eurídice sem olhar para trás.
Assim faria
Orfeu.
Foi grande a
alegria dos amantes ao se reencontrarem. Eurídice coxeava devido ao seu
ferimento. Poderiam viver novamente juntos.
A subida
fez-se de forma atrapalhada. Como Hades ordenou, Orfeu subiu à frente e
Eurídice logo de seguida. Apesar de querer ir a seu lado não poderia olhar para
trás. Ao chegar ao topo, Orfeu instintivamente, quebrou o prometido, olhou para
trás e Eurídice foi retida no reino de Hades. (Hades agarra Eurídice)
Eurídice fica
no reino de Hades para sempre. Orfeu saiu e ficou sete dias junto do lago que o
tinha levado até Eurídice, sem que o barqueiro o deixasse voltar. Ficou
simplesmente ali, sem comer, sem beber, sem reagir.
Passado algum tempos, Orfeu manteve-se com as suas canções afastando os carvalhos dos seus lugares e
amansando os animais ferozes. Quando outras
mulheres o tentavam seduzir, fugia delas o que levou as Ménades a lutarem contra ele e atiraram a sua cabeça e
lira à água.
O lugar onde
dizem ter sido enterrado pelas Musas, é encantado e lá o rouxinol não deixa de
cantar suavemente.
No final de
contas, foi uma forma de se juntar a Eurídice e com ela viver eternamente,
embora Júpiter se tenha compadecido por tanto infortúnio, ele que tanto percebia
de amores, colocando a lira de Orfeu entre as suas estrelas.
Webgrafia/Bibliografia
https://www.infopedia.pt/$orfeu-e-euridice
https://en.wikipedia.org/wiki/Eurydice
https://www.greekmythology.com/Myths/Mortals/Eurydice/eurydice.html
https://mythology.net/greek/mortals/eurydice/
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/orfeu-e-euridice-mitos-inspiram-a-arte.htm?cmpid=copiaecola
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/orfeu-e-euridice-mitos-inspiram-a-arte.htm
http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/musica/cancoes/monologo-de-orfeu
https://www.greekmyths-greekmythology.com/orpheus-and-eurydice/
Peixoto,
Paula Torres , Revista Arquitectura Lusíada nº. 4
Andresen, Sophia Breyner Andresen
(1975), Antologia, Morais Editores
ESPAÇOS
Inicialmente,
pensámos filmar a nossa história no Palácio de Cristal. Lá existem jardins
que podem simular o submundo, como o cedro, símbolo desse mundo, a estátua da Dor
de Teixeira Lopes, vários animais e até a lira de Apolo ou de Orfeu.
Dor de Teixeira Lopes
Concha Acústica
Pensámos
fazê-lo no dia de Carnaval, mas a chuva impediu grande parte da nossa ação.
No entanto,
como alguns de nós tinham feito uma viagem de reconhecimento, aproveitamos as
imagens colhidas, nesse dia e outras que foi possível obter no dia do carnaval.
As cenas de
embarque para o submundo estavam previstas serem filmadas na praia pesqueira de
Ribeira de Abade. A chuva dificultou o trabalho, mas a
simpatia do Sr. António Novo e do seu companheiro de campanha permitiu que
pudéssemos filmar e fotografar algumas imagens.
Orfeu à chuva com os pais abrigados a ver a cena
Orfeu à chuva com os pais abrigados a ver a cena
Dadas as condições climatéricas e o facto da escola fechar, tivemos que filmar à pressa algumas cenas, na escola, no seu último dia de funcionamento, por tentativa e erro
Outras
imagens foram recolhidas entre nós:
- Imagens do Monte Crasto e da Srª do Salto
O amor que move montanhas que é capaz de tornar os Homens
fortes, fracos, ao mesmo tempo, é ao fim e ao cabo, o que dele escreveu Camões:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Ao som de Yann Tiersson, Penn ar Lann, tocado pela Sofia Costa
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